A muito se debate quais são as
áreas de atuação especificas dos psicólogos e psiquiatras, que um dia já
digladiaram pela hegemonia no tratamento das doenças mentais, ambas são
ciências relativamente novas, entretanto uma cresce no terreno da medicina e permanece
nele se tornando a psiquiatria, a outra nasce no terreno da medicina, mas torna-se uma ciência independente sendo muito bem assistida pela filosofia,
sociologia, pedagogia, antropologia, dentre outras.
Durante a leitura do livro de Augusto Cury intitulado “O Futuro da Humanidade” pude apreciar
uma interessante explanação que o personagem Marco Polo, um “excêntrico”
psiquiatra, faz sobre a psiquiatria e a psicologia na atualidade. Este diálogo
ocorre ao final de uma conferencia sobre depressão que o psiquiatra conduz para
psicólogos em seu último ano de formação.
“Em
tese, os medicamentos produzem efeitos mais imediatos, enquanto a psicoterapia,
mais duradouros. Entretanto, nem por isso a psiquiatria é superior à
psicologia. As duas ciências são complementares.
-
E porque são separadas – indagou uma intrépida estudante.
Essa
pergunta era curta, mas suas implicações eram grandiosas. Ela tocava na
evolução da ciência na formação de dezenas de milhares de profissionais
(psiquiatras e psicólogos) e afetava a vida de milhões de seres humanos que
anualmente adoecem psiquicamente. Como Marco Polo não tinha medo de opinar,
disse taxativamente o que pensava:
-
Para mim a psiquiatria e a psicologia estão separadas porque a ciência esta
doente. A Psiquiatria e a psicologia se desenvolveram separadas no século XX. A
psicologia tornou-se uma faculdade separada e a psiquiatria, uma especialidade
médica. Elas deveriam unir-se, pois a mente humana não esta dividida, o ser
humano é indivisível. Em minha opinião, a psiquiatria deveria ser uma
especialidade da psicologia e não da medicina.
Os
alunos deliraram. Irromperam em aplausos pela elevação do status da psicologia
diante da poderosíssima psiquiatria. Jamais imaginaram que ouviriam esse
parecer de um psiquiatra. Marco Polo completou:
-
Os psiquiatras saem bem formados na compreensão do metabolismo cerebral e na
ação dos medicamentos, mas malformados na compreensão da personalidade. Os
psicólogos, ao contrario, saem bem formados na compreensão da personalidade,
mas malformados na compreensão do cérebro e na ação dos psicotrópicos. Os
psiquiatras podem atuar como psicoterapeutas, mas os psicoterapeutas não podem
atuar como psiquiatras jamais podem prescrever medicamentos. Esta é uma
injustiça cientifica.
-
Há prejuízos para os pacientes pelo fato da psiquiatria ser separada da
psicologia? – bradou curioso um jovem estudante de direito, sentado no meio do
corredor.
Marco
Polo ficou feliz pelo seu interesse.
-
Em certos casos há, e muito. Quando um psicólogo atende um caso grave que
necessita de intervenção rápida de medicação e encaminha para um psiquiatra,
pode haver um intervalo de tempo perigoso até que o atendimento psiquiátrico
seja feito. Por exemplo, nesse intervalo, os pacientes podem cometer
suicídios,, ter surtos psicóticos ou ataques de pânico. Se os psicólogos
tivessem mais dois anos de especialização em psiquiatria, poderiam estudar
melhor o corpo humano, a biologia do cérebro, a ação dos medicamentos e, assim
seriam capazes de prescrevê-los. Mas infelizmente existe uma disputa de mercado
nos bastidores da ciência. Nem sempre o ser humano esta em primeiro lugar.”
Quanto de nossos esforços como profissionais da saúde tem como objetivo as pessoas que necessitam de nossos serviços ou são apenas esforços para saciar a sede de nosso próprio ego?